Morreu nesta terça-feira , o artista plástico macuxi Jaider Esbell, aos 41 anos. A informação foi confirmada por seu galertista, André Millan, que preferiu não dar mais detalhes sobre o assunto.
Suas obras estão atualmente em exposição em São Paulo na mostra “Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, desde setembro, como parte da Bienal de São Paulo. Ela reúne pinturas, esculturas, e obras referentes a diversos povos indígenas.
Amigos e admiradores do trabalho dele prestaram homenagens nas redes sociais.
“A terrível notícia da imensurável perda do nosso querido artista plástico macuxi, Jaider Esbell, no auge da sua brilhante carreira, chegou como uma flechada no coração. Guardarei comigo a alegria de ter feito parte da sua jornada, e vice-versa, e o colorido inspirador de suas telas vivas. Viva Jaider Esbell! E que o céu lhe receba com um parixara!”, publicou o cantor Neuber Uchôa.
“Que perda inestimável. Deixo meu profundo pesar pela morte de uns dos mais importantes artistas e ativistas culturais de nosso tempo e nossa terra, Jaider Esbell. Meus sentimentos aos povos indígenas, em particular o povo makuxi, à família, amigos e à arte roraimense, que se espalhava Brasil e mundo afora com suas instalações, obras, textos, reflexões”, destacou o professor da UFRR, Linoberg Almeida.
“Hoje Roraima perdeu um de seus maiores artistas. Jaider Esbell vivia o melhor momento de sua carreira, levou a cultura Macuxi a espaços jamais conquistados. O que ele pintou, escreveu, construiu ainda levará anos para ser compreendido em sua grandeza. Já é um encantado dos mais potentes nesse céu de estrelas de planos superiores. Vai em paz meu querido, deixaste um legado grandioso. Meu coração chora sua perda inestimável”, destacou a jornalista Vanessa Brandão.
Trajetória
O artista nasceu em 1977, em Normandia, no estado de Roraima, na terra indígena Raposa Serra do Sol, e se consolidou nos últimos anos como uma das figuras centrais da arte indígena contemporânea no país, ao lado de nomes como Denilson Baniwa e Isael Maxakali. Ele se mudou para Boa Vista aos 18 anos, quando já havia participado da articulação de povos indígenas e de movimentos sociais.
“O ‘artivismo’ nada mais é do que fazer essa agitação, essa política e comunicação cada vez mais definidas dentro do argumento artístico”, disse ele em entrevista à Folha de São Paulo, em maio deste ano. “Entendemos a arte como uma ferramenta politica”, disse o artista plástico sobre o termo que direciona seu trabalho.
No cerne de sua obra está a figura do jenipapo, planta fundamental na cosmologia makuxi, etnia da qual faz parte. É ela que aparece em pinturas de Esbell com motivos mitológicos e que tinge tecidos que ele elabora.
Além de uma exposição na galeria Millan, em maio —sua primeira individual em São Paulo—, Jaider Esbell também apresentou suas obras na mostra de arte indígena “Véxoa – Nós Sabemos”, na Pinacoteca.
“Acredito que as coisas estejam acontecendo no tempo certo, na medida certa e, aos poucos, isso está se consolidando”, disse, em relação à profusão de obras indígenas. “As instituições vão entender que a gente vêm para ficar, e que não somos um modismo.”
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