O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou nessa terça-feira (21) liberdade a quatro policiais militares presos na operação Pulitzer, que investiga o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorrido em outubro do ano passado em Boa Vista.


As quatro decisões negando a liminar com pedido de habeas corpus aos envolvidos são do desembargador convocado Jesuíno Rissato, relator dos pedidos. As decisões cabem recursos.


Foram negadas liberdade ao coronel aposentado da PM, Paulo Cezar de Lima Gomes, ao sargento da PM, Gregory Thomaz Brashe Junior, e aos subtenentes da PM, Nadson José Carvalho Nunes e Clóvis Romero Magalhães Souza.



Policiais militares investigados por sequestrar jornalista são alvos de operação




Procurada pelo g1, a defesa de Paulo Cezar informou que o processo corre em segredo de Justiça, e que agora aguarda a decisão do mérito do habeas corpus, tendo em vista que o pedido liminar foi negado.


A defesa do subtenente Nadson disse estar "confiante que haverá a liberdade" e que vai provar a inocência do investigado. Já o advogado que representa o subtenente Romero, afirmou que se pronunciará apenas nos autos do processo. A reportagem tenta contato com a defesa de do sargento Gregory.


Ao indeferir os pedidos de liberdade, o magistrado entendeu que não houve ilegalidade nas prisões, conforme sustentado pelas defesas dos investigados.





Caso Romano dos Anjos




O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro. Ele foi levado de casa no próprio carro. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora depois.


Jornalista Romano dos Anjos continua internado no HGR — Foto: Leliane Matos/Arquivo pessoal


Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi encapuzado pelos suspeitos. Romano passou a noite em uma área de pasto e dormiu próximo a uma árvore na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Na manhã do dia 27, ele começou a andar e foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia.


O delegado Herbert Amorim, que conversou com o jornalista no trajeto do local onde foi encontrado até o Hospital Geral de Roraima (HGR), disse que depois de ter sido abandonado pelos bandidos, Romano conseguiu tirar a venda dos olhos com o braço e soltar os pés.


No HGR, ele relatou aos médicos ter sido bastante agredido com pedaços de pau.


Jornalista Romano dos Anjos — Foto: Rede Social/Reprodução



No dia, a Polícia Civil afirmou, em coletiva à imprensa, que ele poderia ter sido vítima de integrantes de facção. No entanto, a polícia não descartou outras linhas de investigação, como motivação política ou por Romano trabalhar como jornalista de um programa policial.


Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador no depoimento à Polícia Civil.


No dia 28 de janeiro a Polícia Federal em Roraima divulgou nota à imprensa o pedido para instauração de inquérito "foi indeferido, não se verificando elementos que subsidiassem eventual atribuição da Polícia Federal no caso."


O sequestro era investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, que prorrogou o trabalho por ao menos três vezes. O inquérito corre em segredo de Justiça.


Este ano, no dia 16 de setembro, foi deflagrada a operação operação Pulitzer, onde foram presos os sete investigados e cumpridos 14 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça.


A maioria dos militares investigados trabalhavam para o deputado Jalser Renier (Solidaridade) que, na época do sequestro, era presidente da Ale-RR, conforme apurou a Rede Amazônica. O parlamentar nega envolvimento.